Domingo de manhã...
Estou aqui na rádio e está sendo transmitido o programa "momento do rei", o locutor deixou a porta aberta e daqui da redação eu posso ouvir as musicas do Roberto carlos.
É impressionante como isso me remeteu a um passado que parece tão próximo, mas ao mesmo tempo tão diferente. Parece que em um domingo de manhã ao som de Roberto carlos eu posso até ouvir o barulho da panela de pressão da minha avó.
Eu e minhas primas correndo pelo "terreiro", minha vó gritando nosso nome, de todas, até chegar no nome em que queria chamar, e ao chegarmos, lá estava ela a beira do fogão de lenha...linda, meu vô sentado na porta da cozinha "esquentando o sol", e tudo tão bom, como se nada existisse no mundo fora de Itajubá, ou fora daquele momento, como se nada nunca fosse mudar.
Próximo do meio dia, a voz da vó Maria ecoava por todo terreiro finalmente o arroz, o feijão, o macarrão e o frango estavam prontos, todos em volta da mesa, tanta gente falando ao mesmo tempo:
-mãe pega caldinho do frango pra mim...
-Tia Raquel, a Rafaela aqui oh...
-Rafaela para...
-Le ja pos comida pra bianca?
-A Tia marisa chagou...
-Mãe vou fazer um prato pra Shaw...
-Osvardo já to fazendo seu prato...
A risada era tão boa, tão espontania, até que um momento as lagrimas começavam a brotar dos olhos da "dona Maria", e ela dizia que estava emocionada por todos estarem juntos, e já sentia saudade e medo. Eu lembro que não podia entender porque ela tava chorando, mas hoje eu entendo, que ela via bem alem do que as crianças podiam imaginar, a distancia, a mudança, o fim da infancia e da comunhão dos domingos e mesmo o amor não poderia pedrificar aquela cena, e descobrimos que o mundo não é só Itajubá, e que aquele momento não era eterno, tanto que agora em meio a lagrimas eu posso sentir que o amor ainda existe, mas queee falta faz algumas pessoas, esse momento nunca mais vai voltar, não como era...Mas hoje Vó eu entendo suas lagrimas!
